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27.06.2012

Saiba cuidar bem da sua memória

Você já esteve diante de uma pessoa conhecida, que te cumprimenta na rua e o nome dela não vem à sua mente? Com o ritmo acelerado e exigente, a nossa tão importante memória começa a falhar. Justamente por isso cientistas intensificaram as pesquisas sobre tratamentos para melhorar a memória. Ela é uma função complexa que envolve o cérebro como um todo, por meio de várias redes neurais e, finalmente, de um processo de transformação da memória provisória em definitiva (1), de forma difusa, nos neurônios corticais (2). Se envolve tantas vias nervosas e processos, há também uma variada possibilidade de uso de recursos naturais para potencializá-la, que os cientistas já identificaram. Caso você consiga lembrar de utilizá-los regularmente, sua memória poderá melhorar. Entretanto, vale ficar atento para não cair em dicas falsas e receitas sem comprovação. Vou contar a vocês o que existe de mais consistente.

Se você tem bons hábitos de vida, não fuma e faz exercícios regularmente, já ajuda muito. Exercícios regulares melhoram o sono e potencializam a memória. A nicotina do tabaco contrai as pequenas artérias e, com o passar do tempo, pode causar aumento da pressão arterial e dificuldades na circulação cerebral.

Aterosclerose cerebral pode ser prevenida

Em pessoas idosas, a aterosclerose cerebral é uma das causas mais frequentes de redução da memória, e pode ser prevenida com exercícios e uma alimentação saudável. Um tempo de sono suficiente e adequado também faz muita diferença. É durante o sono profundo que consolidamos a memória – ela passa de provisória à definitiva. Muitos casos de memória ruim podem resultar de um período de sono insuficiente. Segundo alguns estudiosos no assunto, uma redução de apenas duas horas de sono pode comprometer a habilidade para lembrar de informações simples no dia seguinte.

Aliados importantes das pessoas que usam muito a memória são as vitaminas e nutrientes que o cérebro precisa para trabalhar. Uma suplementação desses produtos pode causar uma sensível melhora, especialmente nas pessoas com deficiência de algum fator. Entre os principais nutrientes da memória temos a vitamina B12 (ciano-cobalamina), a vitamina B6 (piridoxina), vitamina B1 (tiamina), aminoácidos (fenilalanina e triptofano), minerais (magnésio, zinco, manganês) e alguns lipídeos essenciais (como fosfolipídeos, principalmente a fosfatidilserina; e os ácidos ômega 3 de cadeia longa EPA e DHA)

Por exemplo, um estudo realizado na Health Sciences and Nutrition, da Austrália, examinou associações entre uma dieta rica em vitaminas B-12 e B-6 e o funcionamento da memória auto-relatado por homens e mulheres de meia-idade. Nas mulheres, há uma melhor resposta cognitiva com as doses diárias moderadas, enquanto que nos homens em doses mais altas que as recomendadas na Austrália.

Fitoterápicos melhoram memória

Outro grupo que ganha destaque na melhoria da memória, dia após dia, são os fitoterápicos. Devido à notoriedade popular dos efeitos dos extratos de ginseng e de ginkgo biloba, cientistas doDepartamento de Psicologia da Umea University, Suécia, avaliaram voluntários saudáveis por um longo período a fim de saber se esses fitoterápicos tinham realmente efeitos positivos no desempenho da aprendizagem e da memória. Eles concluíram por meio de oito testes de memória, que os estudos apontam a ação dos extratos.

Já no Departamento de Geriatria do Hospital Whittington, de Londres, foram avaliados 31 pacientes acima dos 50 anos e mostrando um suave grau de memória debilitada. O grupo foi dividido aleatoriamente e a parte que consumiu a gingko biloba teve um desempenho melhorado significativamente em 24 semanas sobre aqueles que ingeriram placebo. Além desse estudo, existem outros trabalhos sugerindo que ginseng e gingko biloba melhoram a memória, e tudo leva a crer uma planta potencializa o efeito da outra.

Além desses mais clássicos e conhecidos, surgiram na literatura médica mundial evidências de outros extratos que podem melhorar a memória e a capacidade cognitiva do cérebro. Uma é o de uma líquem de origem chinesa, a Huperzia serrata, que tem atividade anti-colinérgica e, por isso, aumenta a quantidade de acetilcolina no cérebro, um neurotransmissor essencial para a memória.

Extratos vegetais

No Brasil a Universidade do Rio Grande do Sul tem estudado a marapuama (Ptycopetalum olacoides), que está surgindo também como ativo que pode potencializar a memória. Ela ativa as redes de neurônios corticais além de inibir uma enzima chamada acetilcolinesterase, o que aumenta a disponibilidade de acetilcolina nos neurônios.

Os extratos vegetais – como o chá verde e o guaraná que são compostos por xantinas, como a cafeína – foram investigados na sua capacidade de melhorar a memória e o raciocínio. Contudo, a maioria dos estudos que avaliam os seus efeitos usa a cafeína pura em doses acima das consumidas normalmente na vida diária. Como ela é encontrada em diversas bebidas, frequentemente com outros ingredientes, como as vitaminas, especialistas do Departamento de Psicologia da Earley Gate, no Reino Unido, resolveram avaliar também as bebidas cafeinadas.

Em 2001, eles realizaram um estudo com 42 participantes e perceberam uma melhora da atenção e do raciocínio verbal, em relação às pessoas que consumiram durante os testes uma bebida qualquer sem açúcar ou açucaradas. Vale lembrar que essas pessoas estavam com abstinência de cafeína. Os pesquisadores concluíram que nenhum efeito na memória foi encontrado e, além disso, que doses moderadas de cafeína podem melhorar processos de informação em indivíduos que não poderiam ter estado com essa substância retirada.

Intervalos com a informação

Há também atitudes simples para ativar a memória. Para armazenar algo nela por um longo período, é interessante realizar revisões intervaladas. Por exemplo, entrar em contato com a mesma informação após 10 minutos, um dia, uma semana, um mês e seis meses. Além disso, as palavras-cruzadas e jogos de memória também são úteis para exercitar a mente.

(1) Memórias provisória e definitiva: provisória é como, por exemplo, um número qualquer que você guarda provisoriamente e depois esquece. Definitiva seria, por exemplo, o número do telefone da sua casa que você nunca esquece.

(2) Neurônios corticais: os neurônios que estão no cortex cerebral: parte mais desenvolvida e nobre do cérebro, onde os estímulos são conscientes.

 

Alex Botsaris é médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, autor de livros como: “O Complexo de Atlas”, “Sem Anestesia” e “Fórmulas Mágicas“ e “O Prazer de Se Cuidar” . Acaba de lançar “Medicina Ecológica”. Consultor da Pierre Alexander Cosméticos.